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Fertilização de viveiros de camarão

Fertilização de viveiros de camarão
27 de Junho de 2022
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A fertilização é um dos métodos mais importantes para a criação de espécies em viveiros, como peixes ou algas, por exemplo. Como não poderia ser diferente, a técnica também é fundamental para a produção da carcinicultura, ou seja, a criação de camarões em viveiros.


Basicamente, o método tem como objetivo aumentar a produção natural de alimentos para os camarões que estão dentro do viveiro. 


Em geral, a fertilização ocorre através do aumento da produção de fitoplâncton, ou seja, da produção primária no ambiente dos viveiros.


Esse manejo é muito importante para a criação em viveiros, principalmente quando os viveiros são utilizados para a criação de espécies que têm a habilidade de se alimentar dos fitoplâncton e zooplâncton (microrganismos) “filtrando” a água dos viveiros”.


Desse modo, ocorre maior disponibilidade de microrganismos para o consumo dos animais e, por consequência, diminuição na quantidade de ração balanceada, fornecida aos mesmos, resultando em diminuição do custo de produção. 


Vale destacar que a ração é o item de maior custo variável e causa grande impacto no orçamento da carcinicultura e da piscicultura.


Assim, além de resultar em uma alimentação natural à disposição dos animais, também é possível economizar com os custos da produção e utilizar este valor para ser reaplicado em maior qualidade para o produto final.


O processo da fertilização deve ocorrer antes mesmo de se fazer o povoamento dos viveiros, com o intuito de fornecer alimento em quantidade e qualidade para atender às diferentes fases de desenvolvimento dos animais. É possível fazer esse processo com a utilização de adubo químico ou orgânico.


Caso o adubo seja orgânico, utilizam-se compostos vegetais e, ou esterco seco (curtido) de animais domésticos, ricos em nitrogênio, fósforo e diversos micronutrientes. 


No entanto, a verificação dos níveis de qualidade deve ser maior, já que o seu processo de decomposição afetará a quantidade de oxigênio disponível. Se esse manejo não for feito de maneira adequada, pode comprometer a saúde dos camarões e causar doenças e a morte dos animais.


A primeira adubação orgânica deve ser feita de sete em sete dias, logo após o controle da acidez dos viveiros (a calagem). 


O adubo deve ser distribuído uniformemente no fundo do tanque vazio ou por toda a superfície da água, quando o tanque já estiver cheio. Do mesmo modo que ocorre a calagem, a fertilização pode ser feita diluindo-se previamente os materiais.


Nesse primeiro momento, a fertilização deve ser aplicada com uma dosagem maior de composto orgânico, para promover liberação mais lenta dos nutrientes. Além disso, em viveiros recém-construídos contribuirá com a impermeabilização do fundo e das paredes do viveiro.


No caso dos adubos químicos, vale ressaltar que os nutrientes são liberados mais rapidamente em relação aos orgânicos. 


Os mais utilizados são o nitrogênio (sulfato de amônia) e os superfosfatos simples e triplos, No entanto, deve-se respeitar o tamanho do viveiro e também a quantidade da produção pretendida na carcinicultura.


Em ambos os casos, o produtor deve ficar atento à ocorrência de algumas situações que são indicativas da falta de oxigênio na água, o que pode causar a morte dos animais.


 


Fertilização de viveiros de camarão



Na carcinicultura a fertilização pode variar conforme o sistema dos viveiros. Naqueles de formato semi-intensivo, a contribuição do alimento natural na dieta é bastante significativa, podendo alcançar até 85%.


Já nos viveiros com menor intensidade, cuja produtividade é menor do que 1 t/ha/ano, as rações satisfazem entre 23 e 47% dos requerimentos nutricionais do camarão. Assim, nesse caso o restante é suprido pelo alimento natural. Em casos cujo sistema do viveiro é mais intensivo, a contribuição do alimento natural diminui, mas ainda é grande, sendo maior que 25%.


Conforme destacamos anteriormente, a utilização de fertilizantes orgânicos e inorgânicos ajudam na complementação da alimentação, estimulando o desenvolvimento do fitoplâncton e consequentemente da cadeia alimentar, ocasionando uma redução nos custos com alimentação artificial.


No entanto, o uso em esse de fertilizantes e sem controle pode estimular o florescimento de grupos fitoplanctônicos indesejáveis. 


Tudo isso é capaz de causar acúmulo de nutrientes nos efluentes, além de ocasionar um déficit de oxigênio nos viveiros. 


Em geral, as microalgas são uma das principais formas de fertilização orgânica e saudável, estimulando a alimentação com qualidade dos camarões.


Nesse sentido, as microalgas são fontes de proteínas e lipídios energeticamente ricos. Além disso, possuem carboidratos e vitaminas, apresentando também elementos traços, sendo ricos em pigmentos. 


Todos esses nutrientes são de grande impacto para o aproveitamento nutricional por parte do zooplâncton e outras comunidades, como por exemplo, peixes e camarões, por exemplo.


As microalgas dependem, principalmente, dos nutrientes inorgânicos (nitrogênio, fósforo, silicato e potássio) disponíveis nos ambientes dos viveiros. 


Já para aqueles nutrientes em fertilizantes comerciais, podemos encontrar nitrogênio nas formas de amônia não ionizada, nitrito e nitrato; o fósforo na forma de pentóxido de fósforo e, o potássio na forma de sulfato de potássio.


Os principais fertilizantes inorgânicos utilizados na aquicultura são a ureia e o superfosfato triplo. Outros fertilizantes também são utilizados como: nitratos, fosfatos, sulfatos.


fertilização dos viveiros da carcinicultura também pode ocorrer com a utilização de sílica. O nutriente serve como um estimulante no desenvolvimento das diatomáceas, que é o grupo de microalgas mais desejado dentro dos viveiros de camarão, além de servirem como bioindicadores da boa qualidade da água.


Por último, devemos destacar que os programas de fertilização devem ser feitos com bastante planejamento e organização pelos produtores. 


Eles devem ser elaborados de acordo com as características dos nutrientes e do fitoplâncton local. Isto ocorre porque cada viveiro possui suas características, além da quantidade de oferta de alimento artificial.


Assim, ao fazer a aplicação de fertilizantes sem o devido conhecimento das concentrações de nitrogênio e fósforo ou até mesmo dos métodos padronizados para todos os viveiros, pode ocasionar problemas na saúde dos camarões, desenvolvendo o crescimento de algas nocivas.


Além disso, a altas florações de algas podem acarretar o surgimento de doenças. Existe, na realidade, uma correlação entre a floração de cianobactérias e a intensidade da mortalidade ocasionada pelo vírus. 


Nesse sentido, a floração de cianobactérias grave desordem em tecidos do trato digestório do animal, consequentemente afetando a assimilação e absorção de alimentos.


As cianobactérias são as principais causadoras da perda da qualidade da água, por reduzirem a transparência e os níveis de oxigênio da água e do sedimento. 


Este grupo de microalgas possui a capacidade de absorver nitrogênio atmosférico, caso o nitrogênio esteja escasso no ambiente aquático, ocasionando uma floração indesejada.



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