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Boas práticas no manejo dos camarões

Boas práticas no manejo dos camarões
04 de Abril de 2022
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A carcinicultura é um dos setores de grande destaque no Brasil. O manejo dos camarões é uma forma de criar os animais em cativeiro, para fazer a sua comercialização, uma das atividades crescentes na aquicultura


Os camarões são uma fonte nutritiva de alimentos, sendo um dos produtos alimentícios mais comercializados mundialmente.


Pensando nessa popularidade, é importante que o carcinicultor brasileiro faça um bom manejo dos camarões, garantindo maior qualidade e produtividade. 


Ainda é fundamental para o produtor que ele tenha conhecimentos técnicos em áreas importantes, como manejo das águas, berçários intensivos, probióticos e análises presuntivas.


Conforme dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a produção mundial de pescados vindos da aquicultura apresentou um crescimento de 80,44% entre os anos de 2003 e 2013. 


Estes números representam um aumento de 39 milhões de toneladas para quase 70 milhões de toneladas.


Abordando mais especificamente a produção mundial de camarões (pesca + carcinicultura), os dados apontam que o aumento foi de cerca de 4,5 vezes (7.808.263 t) em três décadas para o pescado e a carcinicultura passou a ter uma participação de 57,04%, superando inclusive a produção da pesca extrativista, o que demonstra o crescimento significativo da carcinicultura.


Desse modo, com esse crescimento que acontece não só no Brasil, mas como no mundo todo, é necessário que os produtores melhorem cada vez mais o manejo dos camarões. Assim é possível garantir e fazer parte do desenvolvimento contínuo da carcinicultura nacional.


Além disso, esse cuidado colabora também para evitar doenças e patologias nas criações, fazendo com que não ocorram prejuízos econômicos nas produções. Além do planejamento, ter cuidado com alguns procedimentos e efetuar determinadas técnicas podem garantir a qualidade da carcinicultura.


 


Boas práticas no manejo dos camarões


 


Preparação dos viveiros - Como em qualquer setor, é necessário realizar um estudo e planejamento antes de implementar uma forma de produção. Assim, não seria diferente com o manejo dos camarões.


Antes de realizar o povoamento do viveiro com as pós-larvas (PLs), é necessário fazer a preparação com a aplicação de calcário e fertilizantes químicos e orgânicos. 


Desse modo, a produção da alimentação natural, que fica dispersa na coluna da água e no fundo viveiro, se torna muito mais abundante e facilitada, além de proporcionar maior qualidade. 


Estes alimentos são formados, basicamente, por uma grande diversidade de microrganismos, como algas, fito e zooplânctons, larvas de insetos, anelídeos, moluscos, entre outros.


Nesse sentido, é muito importante que durante o abastecimento de água se utilize uma rede de proteção, pois também impede a entrada de espécies competidoras e predadoras como o siri e uma diversidade de peixes presentes nos rios que abastecem os viveiros.


 


Qualidade da alimentação - Outro ponto a se considerar no manejo dos camarões é a qualidade dos alimentos fornecidos. 


Além de proporcionar uma ração balanceada, é necessário considerar os produtos que estimulem um crescimento rápido dos camarões.


Esse tipo de alimentação deve ser balanceado com os alimentos naturais, para que essa evolução dos animais seja ainda mais rápida. 


Nesse sentido, quanto maior for a densidade de estocagem (nº de camarões/m²), menor será a será a oferta de alimento natural, e maior a necessidade de ração para atender a necessidade dos camarões.


Vale destacar que para o manejo de camarões, as rações são peletizadas e, em geral, proporcionam de 30% a 35% de proteína bruta. Na fase inicial da produção de carcinicultura é recomendado utilizar uma ração triturada, que tenha maior teor de proteína bruta, variando entre 35% e 40%.


 


Período de fornecimento da ração - Em geral, é necessário fazer o fornecimento de ração duas vezes ao dia. O ideal é que esse procedimento ocorra no amanhecer e no entardecer.


Para monitorar o manejo de camarões com maior qualidade, utiliza-se a bandeja, que tem um papel fundamental nesse sentido. Com ela é possível realizar uma avaliação da quantidade que sobra de ração e fazer o ajuste nos próximos fornecimentos.


Periodicamente deve-se realizar uma avaliação do consumo e da eficiência na conversão do alimento fornecido em ganho de peso dos camarões. 


No final do cultivo, é possível analisar se a quantidade total consumida foi eficiente para o cálculo do custo de produção de cada lote produzido.


Para se ter uma noção sobre a alimentação, para cada 1 kg de camarão produzido, geralmente consome-se de 0,7 a 1,7 kg de ração balanceada. Estes valores podem variar de acordo com alguns fatores, como qualidade da ração, densidade de estocagem, peso da despesca, entre outros.


 


Qualidade da água - Para o manejo de camarões a qualidade da água é um dos fatores mais importantes. Por isso, deve-se fazer um monitoramento da água através de amostras da água para análises e por meio de instrumentos de medição.


Para o monitoramento, é necessário controlar os seguintes parâmetros: temperatura e transparência da água, níveis de oxigênio dissolvido, salinidade, pH, alcalinidade, dureza, entre outros.


 


Biometria - Este procedimento deve começar a ser feito semanalmente após os trinta primeiros dias. Basicamente, consiste na captura de amostras de camarões com o uso de tarrafa.


Estas amostras devem ser pesadas e deve-se realizar avaliação de aspectos gerais, como aparência, presença de alimento no intestino, presença de manchas entre outras desconformidades que possam indicar alguma enfermidade ou patologia.


Desse modo é possível avaliar a necessidade de adotar alguma prática, como a troca parcial da água ou ajuste no fornecimento de ração, por exemplo.


 


Fase de captura dos camarões - A fase de captura é muito importante para o manejo de camarões. É necessário utilizar redes adequadas, que causem menos estresse para o animal e para que a coleta seja eficiente.


Por fim, os camarões são imersos em uma caixa d'água contendo gelo e água, para que sofram um choque térmico, e depositados em caixas plásticas ou de isopor com gelo para conservação e transporte.


 


Troca de ciclos no manejo dos camarões - A troca de ciclo de produção tem um ponto importante antes de ser reiniciada. Entre um ciclo e outro, deve-se manter o viveiro vazio, para que ele receba insolação durante uma ou duas semanas, pelo menos.


Também é necessário realizar um expurgo principalmente nas eventuais poças existentes, por meio de aplicação de cal virgem ou hidratada, de modo a eliminar eventuais espécies competidoras e até mesmo, predadoras. 


Após este procedimento, é necessário aplicar calcário e demais fertilizantes para iniciar o ciclo produtivo.



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